terça-feira, 11 de junho de 2013

Cálculos e cigarros

A cabeça envolta em cálculos. Números e mais números. São tantos que todos até parecem o mesmo. Ou, talvez, sejam mesmo os mesmos. Vírgulas... E eu achando que isso era coisa da gramática. Maldita gramática e suas crases que nunca entenderei. Será? Gramática. Matemática. Fodam-se todas às “áticas”. Foco no relatório. Acabou o café.

Quantos minutos se passaram? ... Droga, só tenho até as dezoito. Por que dezoito se todos chamam de seis da tarde? Por que meu cérebro imagina seis e visualiza dezoito? Droga: perdi mais alguns segundos com raciocínios que não me levarão a nada. Ou, quem sabe,  levem-me à insanidade ou à moral da história do Laranja Mecânica. Tantos fios de cabelo já perdi por culpa desta empresa e dos malditos cálculos. “Fulano não recebeu tudo que deveria”. “Siclano verificou um erro no pagamento”. AAAAAH, pro inferno todos! Maldito seja também o capitalismo, apesar de eu gostar bastante desta gravata. Fica bem.

Ó não, lá vem a secretária do chefe outra vez me dizer que mais um cálculo não está parametrizado. Já sei, já sei, “usou a porcentagem antiga no cálculo senhor, deveria ter usado o valor já com a inserção do reajuste de Novembro” é o que ela vai dizer. Sei disso, sabia que ia dar merda, mas como é que ia raciocinar tendo mil e muitas coisas pendentes a resolver todo santo dia e dia santo também? Será que se a merda do estagiário soubesse fazer algo além de tirar cópias naquela máquina que vive estragada não poderia dar uma ajudinha somando os valores e batendo com os do último mês? Não, deve ser muito mesmo para um jovem cabeludo cuja única preocupação é fumar maconha e ver vídeos na Internet.

Desordem, desordem. Pane no sistema. Meu cérebro bóia dentro da cabeça em algum líquido que deve ser água fervente. Não consigo pensar em mais nada no momento que não seja em ficar até mais tarde aqui no escritório para não ter que agüentar os mesmos resmungos daquela mulher que me casei e já não sinto nada além de indiferença há uns bons quatorze anos. Quatorze, quatorze... não! Nossa filha ainda tem oito. Ou seriam nove? Porra, como é que não lembro. É sua filha, seu bosta. Qual foi a última vez que fez ela sorrir, seu inútil?

Chega! Um cigarro, por favor. Permita-se. Mês que vem eu tento parar de novo. 

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